Introdução

O artigo da McKinsey: “Breaking the mold: the construction players of the future”, de outubro de 2019, destaca que o Setor de Engenharia e Construção tem sido muito criticado pelo atraso, no que tange às transformações digitais.

As tecnologias digitais transformaram muitos setores econômicos, passando pela indústria automotiva, aeronáutica, farmacêutica, de alimentos e bebidas e de transporte, além do setor financeiro (neste quesito os bancos brasileiros são uma referência global). Até a agricultura, que historicamente sempre foi lenta na direção das transformações, deu um salto enorme em direção à digitalização.

A figura a seguir mostra a evolução do valor adicionado por hora trabalhada, por setor da economia, a partir de 1950. 

 
Evolução do valor adicionado por hora trabalhada, por setor da economia.

 

Observa-se que o Setor de Engenharia e Construção está estagnado desde 1950 e é responsável por quase nenhuma evolução no valor adicionado por hora trabalhada, o que é lamentável e gera um sentimento de “orgulho reverso”.

 

Justificativas para o Ingresso Tardio do Setor de Engenharia e Construção no Mundo Digital

Várias são as justificativas para o atraso no ingresso do Setor de Construção no mundo digital e para avançar nas transformações pelas quais terá que passar, para se reinventar e consolidar uma posição menos vulnerável (ou mais robusta) no mercado futuro:

1) Fragmentação e baixo nível de integração e colaboração na Cadeia de Valor;

2) Falta de união das lideranças e das instituições e entidades que representam o setor;

3) Abordagem pontual para cada projeto (design) e construção, de forma que cada novo empreendimento seja considerado um “protótipo”;

4) Dificuldades para a contratação, capacitação e retenção de mão de obra direta;

5) Deficiências de: – Engenharia & Projeto (Design); – Gerenciamento, Coordenação e Compatibilização de Projeto; – Processos e Sistemas Computacionais para a gestão de projetos e da produção (obras);

6) Pouco investimento em P&D, Tecnologia e Inovação;

7) Centralização das decisões de investimento, com ausência de um processo estruturado para inovação;

8) Contratos & Incentivos desvinculados das Metas e do Desempenho planejados.

Tudo isso gera problemas conhecidos e dos quais não podemos nos orgulhar, tais como: baixa produtividade, baixa previsibilidade no cumprimento de custos e prazos, fragilidade financeira e baixa atratividade de investidores que preferem investir seus recursos em negócios com menor nível de incerteza.

 

Autor:

Paulo Sérgio de Oliveira

Engenheiro civil, PMP, consultor, conselheiro e mentor. CEO da ARATAU Construção Modular. Escreve artigos sobre tecnologia, inovação, industrialização da construção e construção modular para o Buildin, Construliga, C3 – Clube da Construção Civil e Linkedin.